Hoje Há polémica.
Apesar de ser uma das questões mais debatidas da publicidade, a velha discussão dos "anúncios-fantasma" veio recentemente agitar o meio e a blogosfera, ainda mais do que a suspensão do telejornal da Manela agitou o país. Tudo isto a propósito deste anúncio da DM9DDB, chamado "Tsunami", supostamente para a WWF:
O título diz que "O tsunami matou 100 vezes mais pessoas que o 11 de setembro." Ou seja, temos de cuidar do planeta, blá blá blá.
Para quem não tem seguido o assunto, há tantos blogs e sites onde ler sobre a coisa que o Hoje Há vai só indicar um (contém vários links) ou dois.
Parece claro que os "fantasmas" só existem porque existem festivais de publicidade. Festivais trazem prémios, prémios trazem visibilidade, visibilidade traz negócio para as agências e aumentos para os criativos. É tão apetecível que, tal como a Carolina Patrocínio afirmaria, é preferível fazer batota.
Só que, depois de anos e anos a premiar batota e a deixar de lado trabalho honesto e "real", os festivais estão a cavar a sua própria sepultura. Estão a perder credibilidade. E de nada servem prémios a quem ninguém liga, ainda para mais quando as inscrições (e as estatuetas, como vimos aqui) nesses festivais são pagas a peso de ouro. E os festivais, que no fundo são um negócio como outro qualquer, estão perante um dilema: ou evoluem ou morrem. A este propósito, aconselha-se a leitura deste post no The Denver Egotist, anterior a esta recente polémica.
Soluções? Apertar critérios, premiar o excelente, deixar de lado os fantasmas. Como? É difícil, mas haverá várias formas. A Gerência concorda com o pessoal do The Dog & Pony Show que nest post sugere um esquema de sanções para todos aqueles apanhados a fazer batota, tipo: anúncio 100% fantasma- agência banida durante 10 anos dos festivais: anúncio "versão do realizador" ou alterado de forma a ficar mais "premiável"- agência banida durante 5 anos; anúncio que passou às 4h da manhã na Madeira ou que foi veiculado 1 vez, pago pela agência, 2 anos banida; todos aqueles que constem nas fichas técnicas, o dobro do castigo das agências.
Isso é que ia ser.
Será fácil de implementar? Alguns argumentarão que não, mas a verdade é que o The One Show já anunciou que o vai fazer (notícia no site do Clube de Criação de S. Paulo).
Será que outros o seguem? Haverá coragem para o fazer? A ver vamos.
Caso se verifique, nada será como dantes. Será um verdadeiro furacão nos festivais de publicidade. E na própria publicidade. Um furacão desencadeado por um tsunami.
8 de setembro de 2009
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5 comentários:
A agência já enviou um pedido de desculpas.
DC
Claro, DC, e com a "desculpa" de que o trabalho foi feito por um grupo de "gente jovem".
Entretanto, o curioso disto tudo (ou talvez não) é que esta DM9DDB é a mesma agência que foi considerada Agência do Ano no Festival de Cannes 2009.
Merece reflexão.
O problema desse "grupo jovem" é que fez um fantasma de mau gosto (populista, básico). Se tivesse feito um fantasma certinho teria passado (quem sabem, premiado) como tantos outros. Esta discussão é tão velhinha e tão recorrente...
qual é o mal dos fantasmas?? opah por amor de deus, criem uma categoria só para isso e acabam-se os problemas todos. banir parece-me estupidamente estúpido
Poder-se-á dizer que os fantasmas estão para a publicidade como o doping para o ciclismo: é batota.
Criar uma categoria só para fantasmas acabaria com todos os problemas como uma categoria de "Dopados" no ciclismo. Primeiro, poucos quereriam inscrever-se nela e assumir o seu doping; depois, vencer a categoria de "Dopados" não deve ser coisa que traga grande prestígio. Toda a gente quer é vencer a categoria "a sério".
Além disso, alguns festivais já o fizeram e não, não se acabaram os problemas todos.
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